sexta-feira, 9 de abril de 2010

Maicon e Eu

Dia desses, indo entregar uma encomenda de Páscoa, estava caminhando com um pouco de pressa e escutando música. Foi quando Aline Barros, com sua voz suave falou aos meus ouvidos: 

- Usa-me, Senhor!
Reforçando aquela frase para mim mesma, olho para o lado e avisto de longe um homem deitado a entrada do show room de um prédio em construção. Brotou em mim uma vontade súbita de fazer real o desejo contido nas palavras de Aline mas - hesitando - propus a Deus:
- Se na volta ele estiver ali, entenderei que o Senhor quer que eu faça isso.


  Não sabia ao certo se desejava que o homem sumisse ou que ficasse onde estava, apenas esperando a minha visitinha. Mas ao passar por ali novamente, não tive escolha: me vi pulando o cercado, percorrendo a grama e sorrindo àquele que eu descobri que se chamava Maicon e era usuário de drogas. Maicon abandonou a família em Tubarão/SC para viver nas ruas, pelas drogas...

  Se existe algo que vem me entristecendo, é perceber a quantidade de Maicons que existem. Os Maicons de rua, os Maicons das drogas, os Maicons das festas, os do sexo...

No chão, sentada ao lado dele, não consegui falar muito pois percebi que estava prestes a chorar. Era véspera de Páscoa e contei um pouco de Jesus e o que ele poderia fazer por Maicon.
  Nos despedimos e prometi retornar. Ao virar as costas não conseguia pensar em mais nada. A tristeza me consumiu e naquele momento eu senti raiva. Raiva do mundo.

  Fiz planos para Maicon. Queria levá-lo a uma loja, comprar-lhe roupas, arranjar um lugar onde ele pudesse tomar um bom banho e eu o levaria à igreja. Pensei em dar-lhe uma antiga bíblia, pensei se ele leria.. Pensei em visitá-lo frequentemente e passear de ônibus com ele. Só pensei. No dia seguinte meu novo amigo não estava mais lá e a cada lugar que eu passo, agora observo atentamente os moradores de rua para ver se o encontro, mas não.
  Quem sabe um dia um grande homem de Deus passe a ser conhecido, dê o seu testemunho e atenda pelo nome de Maicon. Me avise se o encontrar :)

Só sei que nada sei

Desde que me converti, não tinha conseguido escrever muito.Quem sabe eu tivesse valores tão vazios que de uma hora pra outra não mudariam e me fariam escrever sobre coisas realmente interessantes.

Percebi que muitos dos meus textos abordavam temas como a vida, o tempo passando... Mas afinal o que eu sabia sobre isso? O que eu sabia sobre a vida? Nada, absolutamente nada. Porque eu nao tinha a vida! Digo, como poderia eu falar da vida sem conhecer o autor dela?

Você aí, sabe fazer trufa? Bom, eu sei. E as pessoas que sabem que sei e querem aprender, me perguntam. Agora diga-me como eu ousava dar a minha miserável opinião sobre a vida se eu nem mesmo fui falar com quem a criou? Meus 20 anos de vazia experiência me trariam apenas alguns genéricos ensinamentos de um assunto tão abrangente.. Como fui tola!

Pera aí, nem tudo estava perdido: antes que eu me afundasse ainda mais nas minhas próprias filosofias de boteco, alguém - Alguém dos alguéns - de algum lugar lááá em cima pegou uma grande pinça, me segurou delicadamente dizendo:
Querida, aqui não é para você. Vamos trocar de lugar?
E com a mesma delicadeza depositou minha pessoinha em terra firme, porém desconhecida. Ali o leite foi meu único alimento durante muito tempo e hoje ainda é, mas agora começo a alterná-lo com algo mais sólido. Quem sabe em um futuro breve poderei falar sobre a vida :)